Preciso

Preciso encontrar o tom perfeito,
O conceito sem ter preconceito,
Preciso arrefecer os meus desejos.
Quantos e tantos desejos.
Preciso controlar a situação.
Olhar-te sem segundas intenções,
Tocá-la sem demonstrar emoções,
Enveredar por caminhos sãos.
Preciso demonstrar muita sensatez,
Apesar de querer perder-me de vez,
Sempre que aprecio a tua tez,
Alva como o orvalho da manhã.
Teu sorriso ilumina meus dias,
Dias tão curtos, finitos,
Contados para terminar.
Aguardo que essa tempestade,
Que chegou fazendo alarde,
Chuva de verão num final de tarde,
Que me enlouquece, cesse, me refresque,
Não me fira a carne.
E que meus olhos,
Perdidos em tanta contemplação,
Depois de viver numa profunda escuridão,
Dias e noites de solidão,
não passe de lampejos
Tanta tentação.
E que por fim,
Sigamos nossos opostos caminhos,
Como bons e velhos amigos,
Como flores de um mesmo jardim.

O vento

Ontem mesmo o vento sussurrou teu nome

E a saudade que já era enorme
Tomou conta de meus pensamentos.
E no desencontro de nossos dias
Nas tristezas e alegrias
Eu recordei nossos melhores momentos.

Ontem mesmo a chuva lavou minha alma
Das verdades que causaram traumas
Dos enredos mais complicados
Das agruras da saudade,
Das mazelas da vaidade,
Dos corações tão despedaçados.

Ontem tudo parecia tão diferente,
Eu me via mais contente,
Em paz com os meus sentimentos
Sem ódio nem rancor,
Sem mágoas ou dissabor
Nenhum pingo de ressentimento.

Então, que nesse novo amanhecer
Tudo enfim possa acontecer
Dentro da maior tranquilidade
Com a marca da paixão,
Com alegria no coração
E com a mais profunda honestidade.

MOACIR DINIZ

Tantos versos

E foram tantos os versos que escrevi,
que quando dei por mim
eu estava tropeçando nas letras falíveis,
nas palavras sem sentido,
nos versos descabidos,
no antagonismo desesperado
deste amor tão superado.
E foram tantos versos que escrevi
no sentido oposto deste amor,
que hoje entreolho tuas feições
a ponto de me questionar,
porque não os fiz tão diretos,
não me fiz entender de supetão.
Foram tantos os versos que escrevi
que nem sei se você os leu
ou se chegou a marejar-lhe os olhos
quando num átimo de mim
você pode me perceber em ti.