Sem título

Este aroma de café que acabou de ser feito
É o tom perfeito para recordações.
É de boas lembranças que eu sobrevivo,
Sem nenhum aviso e muitos arranhões.
.
De alma escancarada e tanta palidez,
Me recordo da vez que descobri seu sorriso.
Aquela troca de olhar e a conversa fiada,
Fui feliz na piada e tirei seu vestido.
.
O toque na pele e a sua boca molhada,
Não queria mais nada além do momento.
E de tanta paixão eu cheguei a supor,
Seria isso o amor ou brincadeira do tempo?
.
E esse sol escaldante que anuncia o verão,
nossas roupas no chão e o seu corpo perfeito.
Faço promessas que jamais cumprirei,

Sou um fora da lei, sou um pobre sujeito.

Boa tarde

E o tempo mudou tão de repente
que não tive tempo para me preparar,
e a dor que eu sinto, mas que ninguém sente,
começa na alma para no corpo se espalhar.

E o tempo mudou sem nenhum aviso,
nem mesmo um amigo para me alertar.
No peito um talho, um corte preciso,
na mente, memórias que começam a falhar.

E o tempo mudou do azul para o cinza,
ao longe montanhas que não consigo alcançar,
o vento que uiva já não é a mesma brisa
que os meus cabelos vinha acariciar.

O tempo mudou um tanto sorrateiro,
da minha agonia veio zombar.
Eu, arrogante, me julgava o primeiro,
e hoje não tenho do que me orgulhar.

O tempo mudou como era sabido,
somente um tolo para não acreditar,
que o tempo passado é tempo perdido,
e o que ainda me resta, só tempo dirá…

Não quero

Não quero ter razão sobre nada,
Só quero a inquietação do vento,
A morosidade do tempo
E uma boa conversa fiada.
Prefiro ter um amor em vista,
Do que viver no vazio
De uma noite de frio
Em plena Avenida Paulista.
No amor me acostumei com os desencontros,
Nada de ser tudo certinho,
Muito errei pelo caminho,
Nem tudo me desceu tão redondo.
Quero numa tarde de outono
Esquecer dos problemas
Escrever meus tolos poemas
Até que eu pegue no sono.
Por fim, quero as folhas e as flores
De um jardim colorido
E a emoção de um sorriso
Contido em muitos amores.